“O Brasil precisa urgente de uma política operacional para os aeroportos”, diz Lemos

O presidente do Sindi-cato Nacional dos Aeroportuários (SINA), Francisco Luiz Xavier de Lemos, em entrevista à Revista Aérea explicou a posição da entidade sobre o novo modelo de gerencia-mento nos aeroportos brasileiros.

21 de janeiro de 2013

O presidente do Sindi-cato Nacional dos Aeroportuários (SINA), Francisco Luiz Xavier de Lemos, em entrevista à Revista Aérea explicou a posição da entidade sobre o novo modelo de gerencia-mento nos aeroportos brasileiros. Associado à Assinfra há 17 anos, Lemos destaca também a importância da comunidade aeroportuária participar mais da entidade. Leia a seguir:

Revista Aérea: Por que o SINA criticou o modelo de concessão dos aeroportos adotado pela presidente Dilma?

Francisco Luiz Xavier de Lemos: Se privatizar fosse uma boa solução, não veríamos tampas de bueiros voando nas ruas e avenidas do Rio de Janeiro, panes nos serviços de internet e os recordes de reclamações no Procon das companhias telefônicas. Então é folclore, mentira dizer que a iniciativa privada é sinônimo de eficiência e satisfação dos serviços prestados. Mesmo assim, em nenhum momento fomos contra a parceria com o setor privado. Apenas questionamos na mesa de diálogo com a presidência da República, através das secretarias Geral e de Aviação Civil, o forma-to da concessão/privatização decidido pelo governo federal.

Aérea: Qual a preocupação com relação a este formato?

Francisco Lemos: As atividades-fim dos aeroportos (operações, segurança aeroportuária, carga aérea, manutenção especializada e navegação aérea) deveriam permanecer sob a responsabilidade da Infraero. Na história da aviação, 98% dos acidentes aéreos ocorreram nos processos de pouso e decolagem. Apenas 2% ocorreram em cruzeiro. Isso significa que a parte mais sensível dos voos acontece nos aeroportos. A sua operação não pode, portanto, ser entregue a quem não tem experiência, através da terceirização e até da “quarteirização” da atividade. Agora, com a concessão, assumimos o compromisso de monitorar os três aeroportos, especialmente nas atividades-fim, ficaremos de olho na segurança de milhões de vidas humanas e impediremos que as classes C e D retornem às estações rodoviárias.

Aérea: Qual o papel da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) neste processo?

Francisco Lemos: Cabe à Anac fiscalizar os serviços aeroportuários. Infelizmente, até hoje ela fez muito pouco e a esperança de vê-la agindo com competência e eficiência é muito pequena. Isso porque é dirigida por pessoas que não são do setor aéreo, mas por tecnocratas. Uma coisa que estamos alertando há algum tempo é que o Brasil precisa urgente de uma política operacional nos aeroportos.

Aérea: Em sua opinião, as companhias aéreas têm feito a sua parte?

Francisco Lemos: No Brasil, as companhias aéreas não investem mais na carreira dentro dos aeroportos, há uma rotatividade muito grande de funcionários, uma contratação muito abaixo da necessidade e da demanda. Hoje afirmam que a infraestrutura oferecida está pouca, mas na realidade está subutilizada, como por exemplo, as es-teiras de bagagens que continuam girando sozinhas, porque a em-presa não tem funcionários para tirar a mala do avião e colocar nela; os Boxes e no check in, que causam tanta fila, continuam desocupados; não há trabalhadores das empresas aéreas para ocupar todas as instalações oferecidas pela Infraero.

Aérea: Você é filiado à Assinfra há quantos anos? Quais os desafios da entidade?

Francisco Lemos: Sou filiado desde a sua fundação e o nosso Sindicato dará um amplo apoio às atividades da Associação em Guarulhos. A atual direção assumiu um passivo muito grande da gestão passada. Parabenizo os companheiros que estão colocando as finanças da Assinfra em ordem. Desejo sucesso para a atual diretoria e espero que a comunidade aeroportuária participe mais das atividades da Associação no dia a dia.

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Redação Revista Embarque

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