Maior aeroporto da Venezuela cobra por ar respirado em seus terminais
6 de agosto de 2014
O Aeropuerto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar não possui serviços básicos, mas oferece a regalia de um ar purificado com ozônio
Há exatamente um mês que o aeroporto mais importante da Venezuela, o Aeropuerto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar, obriga os passageiros a pagar uma taxa pelo ar respirado em seus terminais. A cobrança é justificada pela instalação de um sistema de melhoria da qualidade do ar-condicionado por meio da inserção de ozônio no mesmo. O objetivo, segundo o governo bolivariano, é preservar a saúde dos trabalhadores e dos mais de 30 mil passageiros que diariamente passam pelo aeroporto. O chamado “imposto de biosegurança” é obrigatório para quem viaja para qualquer destino com qualquer companhia aérea. (Panoramio / ReporteYa Twitter)
A controversa taxa passou a vigorar no dia 1º de julho. Desde então, a exigência do pagamento de 127 bolívares só faz aumentar as queixas e o descontentamento dos venezuelanos. Isso porque o imposto aumenta o preço da passagem de avião, que já inclui gastos pelo uso das pistas, pelo controle de bagagem e até pelas informações metereológicas. Todos esses serviços são pagos através do que se conhece como taxas aeroportuárias, as verdadeiras responsáveis pelos altos preços das passagens.
Já os passageiros estrangeiros, por sua parte, sofrem com a alta variação da taxa de câmbio, que transforma 127 bolívares em algo entorno de US$ 2 e US$ 20. Essa variação é conseqüência do controle cambial exercido pelo governo venezuelano desde 2003, o que também resultou em uma forte dívida contraída com as companhias aéreas.
Recibo de pagamento do “imposto de biosegurança”
Crise aérea da Venezuela
Desde 2012, mais de 20 companhias aéreas reclamam US$ 4,2 bilhões ao governo venezuelano. Essa dívida nasceu com a obrigatoriedade das vendas de passagens aéreas em bolívares, ao invés de dólares. Sob esse modelo, o governo é o encarregado por converter e repassar para as companhias o montante em dólares. Porém, a escassez de divisas estrangeiras sofrida pelo país durante os últimos três anos tem resultado na falta de pagamento.
A dívida em questão está fazendo com que as empresas de aviação reduzam o número de assentos disponíveis em viagens para a Venezuela. Este é o caso da Iberia que deixou de disponibilizar 2.422 assentos semanais para oferecer apenas 1.668. Já outras companhias como Air Canada ou Alitalia suspenderam suas operações.
Em função disso, para muitos especialistas, o “imposto de biosegurança” é uma forma do governo da Venezuela coletar o dinheiro necessário para corrigir a sua dívida.
No que diz respeito aos viajantes, muitos não enxergam a qualidade do ar como uma prioridade, já que existem problemas mais graves no aeroporto, como o mau funcionamento das escadas rolantes ou a falta de água nos banheiros.
Enquanto os problemas e as queixas dos passageiros aumentam, a Venezuela se orgulha de ter o primeiro aeroporto da América do Sul e do Caribe que purifica seu ar-condicionado, embora cobre um polêmico valor por isso.
Ana Abril com informações de El País, do ABC e de La Nación
Redação Revista Embarque
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