83 anos voando o mundo
20 de junho de 2013
A profissão Comissário de Voo completou 83 anos no mundo. No Brasil, a função está regulamentada pela Lei 7.183/84. O diretor do SNA, Sérgio Dias, fala sobre a profissão, uma das que mais cresce no País.
Registros históricos revelam que a profissão de comissário de voo, antigamente conhecida como “aeromoça”, surgiu na década de 30, nos Estados Unidos. Naquela época, os passageiros eram atendidos pelos pilotos, que davam “chicletes” para equilibrar a pressão interna dos ouvidos, chumaços de algodão para proteger o ouvido do ruído dos motores das aeronaves e sacos plásticos para amenizar a indisposição. Mas o acúmulo de funções não deu certo.
Em 1930, um executivo da Boeing Air Transport (antecessora da United Airlines), Steve Simpson, de São Francisco, auxiliado pela enfermeira, Ellen Church, apaixonada pela aviação, propôs um novo tipo de atendimento: a contratação de enfermeiras para ajudar os passageiros que passavam mal. Os aviões daquela época não eram pressurizados, voavam baixo, em ar turbulento, e eram muito barulhentos, fatos que deixavam os passageiros nervosos.
O primeiro voo das comissárias, com Ellen Church, ocorreu em maio de 1930, entre Oakland, Califórnia, a Chicago, Illinois, e durou 20 horas, com 13 escalas. A comissária faleceu, aos 61 anos, depois de cair de um cavalo. Em sua homenagem, o aeroporto municipal de Cresco, Iowa, sua terra natal, foi batizado com o seu nome.
Brasil
No País, 31 de maio transformou-se no Dia da Comissária de Voo. As companhias aéreas iniciaram as contratações de comissários de voo/tripulantes, que não precisavam ser enfermeiras, depois da Segunda Guerra Mundial (1945). As empresas pioneiras foram a Varig, a Real e o Lóide Aéreo, que hoje não existem mais. A Varig só contratava homens, mas a Real e o Lóide empregavam muitas mulheres na função. A Varig começou a contratar mulheres quando estava para iniciar os voos internacionais para Nova York, em 1954.
Hoje, a função se popularizou e perdeu o símbolo sensual e é considerada uma das profissões que mais crescem no País em razão da ascensão da aviação brasileira. Em 2012, cerca de 100 milhões de pessoas viajaram no Brasil, a maioria voos domésticos.
Comissário de Voo há 28 anos, passou pela VASP e Varig, atualmente é chefe de cabine da Gol, Luiz Sérgio de Almeida Dias, que também é diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), contou à Embarque que “a profissão é gratificante porque oferece a oportunidade de ter vivências com outras culturas, além de conhecer o que acontece no resto do mundo”. O SNA representa 18 mil aeronautas, deste total 12 mil são comissários de voo em todo o Brasil. No Estado de São Paulo, o número de comissários de voo totalizam 10 mil.
Trabalho
Sérgio Dias disse, no entanto, que a categoria enfrenta problemas no dia a dia. “As novas empresas aéreas não respeitam os direitos dos trabalhadores. Alguns problemas são a interpretação da regulamentação profissional, as condições de higiene/ trabalho, a falta de refeições, descanso e a questão salarial que está abaixo do que era praticado antigamente”.
O dirigente denuncia que as companhias não respeitam a escala de voo que é regulamentada pela Lei 7.183/84, e estabelece cinco pousos no dia e até seis dias consecutivos fora da base domiciliar, oito dias de folgas no mês no mínimo, sem final de semana contendo um sábado ou domingo. “Diariamente, os comissários trabalham acima destes limites. Quando estão em atividade aérea não têm direito de hora de almoço ou jantar. Um dos maiores desafios é conciliar a sua vida social com a execução da escala de trabalho”, relata.
Dias ressalta que a escala exaustiva também expõe os comissários à alteração do ciclo circadiano (funções biológicas do corpo humano que são influenciadas através da luz solar), como radiação, micro-vibrações ou mesmo o ar com pouca umidade, fatores que podem desencadear stress e doenças graves.
Organização
O Sindicato Nacional dos Aeronautas tem realizado mobilizações nos aeroportos que têm denunciado as irregularidades das companhias aéreas, bem como tem cobrado o respeito aos direitos da categoria. Uma das conquistas na Campanha Salarial do ano passado, cuja data-base é 1º de dezembro, foi a cesta básica. “Graças à nossa pressão e organização avançamos na melhoria e ampliação de direitos que estão assegurados nas nossas Convenções Coletivas de Trabalho. Na próxima Campanha, que iniciaremos neste segundo semestre, vamos continuar a nossa organização para avançar mais nas conquistas”, finaliza Sérgio.
Por Viviane Barbosa com a colaboração de Ana Abril
Redação Revista Embarque
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