Aeroportos do mundo e do Brasil adotam medidas para minimizar pandemia
O estudo da Airports Council International mostra ações de Budapeste, Montreal, Frankfurt, Hong Kong e Brasil
Por: Redação Revista Embarque com ANEAA - 22 de abril de 2020
Um estudo divulgado pela Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (ANEAA) mostra algumas iniciativas feitas por diversos aeroportos do Brasil e do mundo para minimizar os impactos da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), que afetou drasticamente a indústria da aviação.
A entidade cita o levantamento Airports Council International (ACI) World, no qual publicou uma coletânea de exemplos com práticas operacionais adotadas por aeroportos-membros e que abrangem áreas como:
- Adaptação da gestão e planejamento
- Gestão de pessoal, incluindo educação, bem-estar e monitoramento da saúde
- Procedimentos de gerenciamento de passageiros, como a introdução de triagem de temperatura, declaração de saúde e limpeza e higienização
- Mudanças na operação de instalações, incluindo limpeza de funcionários e áreas públicas (como restaurantes)
- Fornecimento de equipamento de proteção e limpeza
- Operações e segurança no airside, incluindo riscos e impactos operacionais
- Medidas de segurança, como triagem de passageiros e funcionários
- Exigências de TI.
A seguir confira o que alguns países vêm fazendo:
Budapeste
Em Budapeste, por exemplo, a movimentação de passageiros no aeroporto da capital húngara caiu 58% em março, na comparação com março de 2019, a primeira queda desde novembro de 2013. A perspectiva é perder entre quatro e 5,5 milhões de passageiros, este ano, caso a recuperação comece em junho.
Assim que o número de passageiros começou a diminuir, distribuiu EPIs para todos os funcionários e dividiu a equipe de operações em dois grupos para garantir que não haveria contágio entre elas, além de estabelecer procedimentos em caso de alguém adoecer.
Para evitar perdas, Budapeste também lançou um pacote voluntário de redução salarial de 20% e 50%, que teve uma adesão de mais de 80% dos funcionários. Do outro lado, está trabalhando para aumentar o volume de cargas no aeroporto, aproveitando a alta do tráfego internacional de equipamento médico.
Montreal
A Aéroports de Montréal, que administra o Montreal-Trudeau International Airport e o Mirabel Airport, em Quebec, no Canadá, adotou medidas de contenção de custos para enfrentar a crise da covid-19. Com uma queda de 80% no número de passageiros, a operadora fechou pistas de pouso e um terço dos portões de embarque. Além disso, cortou serviços de consultoria, 20% dos salários dos gestores e diretores seniores e 10% dos vencimentos dos gerentes, além de outros cortes.
Frankfurt
Na Alemanha, o aeroporto de Frankfurt, um dos maiores da Europa, registra uma queda de 95% no tráfego de passageiros na semana de 30 de março a 5 de abril, na comparação com a mesma semana de 2019.
Desde o início da epidemia, a Fraport, que administra o aeroporto, priorizou a segurança sanitária, aproveitando a experiência com epidemias anteriores, como a SARS, o Ebola e a gripe suína. No lado financeiro, a resposta também foi rápida. Todos os funcionários receberam férias voluntárias não remuneradas ou horas de trabalho reduzidas, a partir de 20 de fevereiro. Um mês depois, mais de 18.000 funcionários de todos os departamentos foram contratados para trabalhos oficiais de curta duração, de maneira a reduzir custos, ajustar o pessoal à queda da demanda e proteger empregos.
O Terminal 2 de Frankfurt foi fechado e todos os serviços de passageiros foram agrupados no Terminal 1. Duas das quatro pistas de Frankfurt estão temporariamente fechadas e uma delas está sendo usada como estacionamento de aeronaves. Mas, como principal centro de carga aérea da Europa, o aeroporto continua operando para garantir seu importante papel no sistema logístico do continente e manter o tráfego de cargas vitais de produtos médicos, farmacêuticos e outros, além da cadeia de suprimentos da indústria alemã.
Hong Kong
Mesmo sendo um terminal de carga e, portanto, menos afetado pela crise, o Hong Kong Air Cargo Terminals Limited (Hactl) está preocupado com as consequências sobre seu negócio. O Hactl instalou câmeras térmicas no refeitório dos funcionários e por todo o SuperTerminal 1. Os equipamentos vão permitir que o maior operador independente de cargas de Hong Kong monitore e identifique qualquer pessoa com temperatura anormalmente alta, indicador de infecção por coronavírus. Além disso, a operadora restringiu o número de assentos no refeitório e só os trabalhadores do terminal podem comer ali.
Reuniões de negócios, comuns, nas instalações do aeroporto, foram proibidas e para entrar no terminal qualquer pessoa precisa, primeiro, ter a temperatura checada.
Brasil
No Brasil, medidas semelhantes estão sendo tomadas. Os aeroportos membros da Aneaa já realizaram iniciativas, como acordos com sindicatos para manter os postos de trabalho e minimizar impactos nos salários dos trabalhadores com base nas medidas provisórias 927 e 936, que preveem, entre outras coisas, redução da jornada de trabalho com diminuição proporcional dos salários.
Também desativaram terminais e portões de embarque, ampliaram os cuidados com a limpeza e higienização de ambientes, estabeleceram medidas individuais ou em parcerias para medição de temperatura de passageiros e usuários dos aeroportos, aumentaram os critérios de separação dos voos domésticos dos internacionais, forneceram EPIs para seus funcionários que mais tem contato com os usuários, além de fecharem pistas e ampliarem espaços para estacionamento de aeronaves.
Além da redução de aproximadamente 92% no número de passageiros, outro impacto negativo foi, diante da baixíssima demanda, o fechamento de lojas e restaurantes. Apenas algumas operações essenciais se mantiveram abertas, de maneira a ajustar os serviços à movimentação reduzida de voos e passageiros.
(foto: Floripa Airport é o primeiro a fazer testes com passageiros)
Redação Revista Embarque
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