Erro de agente aeroportuário abre debate sobre formação da polícia
19 de julho de 2014
Agente da Administração de Segurança do Transporte (TSA) dos EUA desconhecia o nome oficial da capital do seu próprio país
Se você fizer uma rápida enquete irá descobrir que poucas pessoas sabem que o nome oficial da capital dos EUA não é Washington D.C., mas sim o Distrito de Columbia. Porém, o desconhecimento vira um problema quando é cometido por um agente da Administração de Segurança do Transporte (TSA) dos Estados Unidos. (fotos: AP / Politico / Proyecto 40)
O episódio aconteceu no posto de segurança do Orlando International Airport, na Florida, onde um agente da TSA rejeitou uma carteira de motorista do Distrito de Columbia. O agente não reconheceu o documento como forma de identificação e pediu para o passageiro mostrar o passaporte. No entanto, o passageiro, um jornalista da WTSP, questionou o pedido do agente, que demonstrou não saber que o Distrito de Columbia é o que popularmente se conhece como Washington D.C.
O erro, que parece uma bobagem à primeira vista, foi considerado um grave problema na formação dos profissionais de segurança e gerou um grande debate no país após a história ser contada pelo jornalista afetado. A razão é que os agentes da TSA revistam diariamente mais de 2 milhões de passageiros com o objetivo de garantir a segurança no transporte americano.
Os aeroportos são um dos principais pontos de trabalho da Administração, onde os agentes procuram passageiros suspeitos de cometer atos ilegais e, especialmente, de portar explosivos. Por isso, o questionamento após o caso é: se um agente não sabe qual é a capital do seu próprio país e não reconhece os documentos legais para passar nos controles aeroportuários, como ele pode estar preparado para garantir a segurança de milhões de pessoas?
Brasil
A falta de preparação dos agentes da TSA nos EUA pode ser extrapolada à situação da Polícia Militar no Brasil. Muito tem se falado sobre a importância da desmilitarização da polícia brasileira dentro do país e no exterior. Isso porque um agente militar não possui treinamento para se relacionar com os cidadãos comuns, mas para defender o território através do uso da força e de armamento, se for necessário.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU recomendou em maio de 2012, a abolição do “sistema separado de Polícia Militar, aplicando medidas mais eficazes (…) para reduzir a incidência de execuções extrajudiciais”. Somente em janeiro deste ano, a Polícia Militar matou a 76 pessoas no Estado de São Paulo. Esse número faz com que o mês de janeiro fosse o mais violento nos últimos dez anos e reforça a necessidade de uma reforma dentro da Polícia Militar.
Porém, a abolição ou mudança no corpo policial é dificultada pelo reconhecimento da Polícia Militar na Constituição Federal. Por consequência, a Constituição deveria ser modificada antes de realizar qualquer alteração no corpo de segurança brasileiro.
De qualquer maneira, é indiscutível a importância do treinamento e da formação acadêmica para as pessoas encarregadas de garantir a segurança dos cidadãos, tanto no caso dos agentes da TSA nos EUA, como no caso da Polícia Militar no Brasil.
Ana Abril com informações da Reuters, da TSA, da Carta Capital e da Folha de S. Paulo
Redação Revista Embarque
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