Falta de aeroportos de baixo custo encarece passagens no Brasil
23 de janeiro de 2014
Os aeroportos no-frills possuem taxas 13% menores do que os grandes aeroportos.
“Voar dentro do Brasil é muito caro”. “É mais barato voar para a Europa do que dentro do País”. Essas frases ditas por brasileiros reclamões continuarão apesar do barateamento das passagens de avião para ver os partidos da Copa do Mundo em junho deste ano. O anúncio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre a criação de quase 2 mil voos para atender o aumento da demanda no período da Copa não vai arrumar o problema do alto preço das passagens de avião no Brasil. (fotos: ValkyrieXB70 / Adrian Pingstone / Map Magazine)
O modelo de aviação doméstica existente na Europa e Ásia é tido como um exemplo de como é possível voar de forma economicamente sustentável. Nesse modelo, no qual se pode voar de Madrid a Londres por R$ 60, destacam-se as companhias aéreas de baixo custo (companhias low-cost) e também os aeroportos de baixo custo (aeroportos no-frills).
Ryanair é uma das companhias aéreas de baixo custo mais conhecidas na Europa
O sistema é bem simples e o segredo está na redução de despesas. Companhias low-cost são conhecidas por não oferecerem nem mesmo uma garrafa de água gratuita ao passageiro. Tudo pela economia. Como um incentivo a mais para este modelo começam a emergir os aeroportos no-frills. Com taxas até 13% menores do que os grandes aeroportos, estes aeroportos de baixo custo são os favoritos das companhias low-cost para seus pousos e decolagens.
Geralmente, o que faz um aeroporto possuir baixas taxas é estar situado em uma pequena cidade. As grandes metrópoles possuem altos impostos, por isso, aeroportos situados nos arredores de Londres ou Paris, por exemplo, são obrigados a repassar as taxas para as companhias aéreas. Além disso, aeroportos no-frills atuam como aeroportos secundários, ou seja, como um complemento em termos de capacidade ao principal aeroporto da cidade. Esse papel secundário também influi na redução de despesas.
Além do preço, os aeroportos no-frills apresentam grandes vantagens porque estão menos transitados e, com isso os atrasos são menores. A pontualidade além de beneficiar o passageiro também faz bem as companhias aéreas, que aumentam sua produtividade com mais voos diários.
Tamanho importa
As instalações dos aeroportos também influenciam no preço que os passageiros pagam para voar. Quanto maior é um terminal, mais pessoas trabalham nele, o que supõe um gasto maior com salários. Ou seja, mais custos para o aeroporto.
A suntuosidade do terminal é outro fator que pesa indiretamente no bolso dos passageiros que voam de Brasília a São Paulo, por exemplo. As instalações únicas de ambos os aeroportos foram desenhadas por artistas internacionais e requerem um custo de manutenção. Escadas rolantes, salas de repouso e restaurantes são facilidades que geram custos ao aeroporto.
O terminal 4 do Madrid Airport Barajas, na capital espanhola, foi desenhado pelos arquitetos Lamela and Rogers
O Kuala Lumpur International Airport (KLIA), por exemplo, situado na Malásia, possui um terminal com capacidade para 25 milhões de passageiros, o que exigiu um investimento de US$ 3,5 bilhões. Do outro lado o terminal low-cost do KLIA, conhecido como Low Cost Carrier Terminal (LCCT), pode receber pouco menos da metade dos passageiros (10 milhões), contudo custou apenas US$ 30 milhões para ser construído.
A diferença entre ambos, além do tamanho, é que o LCCT não possui escadas rolantes nem sistema de gestão de bagagem. A decoração também é mais austera e simples. Consequentemente, as taxas para os passageiros no LCCT são 86% mais baixas do que no terminal principal.
Os benefícios dos aeroportos no-frills também são percebidos pelos moradores locais. Existem acordos entre as autoridades locais e as companhias aéreas para que os postos de trabalhos sejam ocupados por moradores. Além disso, os aeroportos de baixo custo permitem aumentar o turismo e a economia das pequenas cidades. Em troca, as autoridades locais incentivam esse tipo de aeroportos através de subsídios e benefícios econômicos.
Por enquanto, o modelo europeu não apresenta muitas complicações. A implantação de aeroportos no-frills ou de terminais de baixo custo próximos a importantes aeroportos brasileiros seria uma solução bem-vinda para que as taxas aeroportuárias fossem menores e, assim, as passagens mais baratas para todos.
Ana Abril com informações de O Tempo e do Business Line
Redação Revista Embarque
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