Enquanto Gol e Azul fecharam com pilotos, co-pilotos e comissários acordo de redução temporária de salários e jornada até fim de 2021, a Latam anunciou corte permanente de cerca de 2.700 postos de trabalho de tripulantes. A categoria rechaçou a proposta da companhia, que abrirá programa de demissão voluntária. (Foto: Engin Akyurt | Pixabay)

Preocupado com os impactos do caos econômico e futuro incerto durante a pandemia de Covid-19 na saúde emocional dos tripulantes, que podem agravar doenças mentais preexistentes ou criar novos problemas para pessoas consideradas saudáveis, o Diário de Bordo, publicação digital do Departamento de Comunicação do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) entrevistou a psicóloga e psicanalista Graziela Rimoli

O SNA representa representa cerca de 18 mil comissários de voo, pilotos e co-pilotos em todo o país.

Em entrevista ao SNA,  Graziela Rimoli conta como tem sido o atendimento aos pilotos, copilotos e comissários de voo que procuram ajuda neste momento, quais têm sido as queixas mais comuns e o que pode ser feito para amenizar os efeitos negativos do isolamento social.

Segundo a especialista, a saúde mental pode ser afetada de diversas maneiras, dependendo de como cada pessoa reage às situações que se apresentam. Alguns poderão sentir mais angústia, temerosos com o futuro; outros, solidão com o isolamento. Podem ocorrer reações no corpo ou não, tais como dores no corpo, sono desregulado, alteração do apetite.

Trabalho

Segundo a psicóloga, há uma grande preocupação com a possibilidade de perda do emprego e com as mudanças na vida de cada um e na de suas famílias em decorrência da crise. Algumas dificuldades perante as alterações de rotina e convivência maior com cônjuges e familiares também podem surgir.

“Em uma pandemia, todos são afetados de alguma maneira. Percebo que tanto comissários quanto pilotos estão apreensivos e muito engajados nas discussões sobre as negociações com as empresas. Ambos profissionais entendem a gravidade do momento e os impactos em suas carreiras. O sofrimento psíquico não é mensurável pelo cargo que ocupam. Para os tripulantes que me procuram não há diferença, na medida que na psicanálise o indivíduo é ouvido em sua singularidade”, explica.

Depressão e ansiedade

A psicóloga e psicanalista Graziela Rimoli explica que a psicoterapia tem se mostrado extremamente eficaz no tratamento das síndromes depressivas.

“O momento é muito delicado porque ainda temos parcos cuidados, ou seja, ainda não temos medicamentos e vacina definidos. E isso, sem dúvidas, aumentou a procura por atendimento psicológico”, disse a médica ao Diário de Bordo.

As pessoas estão percebendo a importância de estarem sadias para poderem administrar todas essas mudanças em suas vidas. Nem os impactos econômicos foram desculpa para adiarem a busca por tratamento psicológico.

“Acredito que tais indivíduos possam se beneficiar desse movimento em busca de ajuda, pois ao invés de simplesmente se resignarem no sofrimento estão indo em direção a uma abertura individual para outros modos de agir e de se posicionar perante as adversidades na sociedade.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) indicou diversas ações a fim de minimizar esses impactos. Desde cuidados com o corpo, como exercícios regulares e boa alimentação, até procurar manter rotina de sono e entretenimento leve e criativo, evitando bombardeamento de informações.

A especialista disse ao Diário de Bordo que ainda existe certa resistência dos tripulantes em procurar atendimento psicológico, no entanto, ela destaca que é somente através da clínica psicoterápica que o sujeito conseguirá desvencilhar-se e sair de uma posição que tanto o angustia.

Apoio aos tripulantes

O SNA está disponibilizando aos tripulantes associados 16 sessões de atendimento psicológico gratuitos. Os interessados devem enviar e-mail para saude@aeronautas.org.br