Espanha: Maior gestora de aeroportos do mundo é privatizada

20 de junho de 2014

Mais de 30 dos 100 maiores aeroportos do mundo estão vinculados parcial ou totalmente a investidores privados

A ministra de Desenvolvimento da Espanha, Ana Pastor, confirmou nesta semana o início do processo de privatização da Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea (AENA), responsável por gerenciar os aeroportos públicos da Espanha. O debate mal começou e já vem causando divisões no país ibérico, apesar de a companhia não passar totalmente às mãos privadas, pois 51% da empresa ainda irá pertencer ao estado. (foto: Republica.com)

Atualmente, mais de 30 dos 100 maiores aeroportos do mundo estão vinculados parcial ou totalmente a investidores privados, segundo o centro de estudos Reason Foundation. Para conhecer em que consiste a privatização de um aeroporto, a Revista Embarque analisou as críticas e os elogios que estão sendo ouvidos na Espanha em relação à privatização da AENA.

Benefícios econômicos e melhores serviços

Ana Pastor, entusiasta da privatização, defendeu as vantagens que a operação terá para os cidadãos espanhóis. Para começar, os cofres públicos serão os primeiros beneficiados com a oferta pública inicial (IPO) de 28% da AENA e com a abertura de outros 21% para acionistas de referência, defende a ministra. Isso porque o estado ganhará R$ 7,5 bilhões com a venda de parte da AENA que poderão ser destinados para educação e saúde e resultar em ganhos diretos para os cidadãos.

Além disso, em teoria, os aeroportos gerenciados pelas empresas privadas têm maior qualidade nos serviços e atendimento. A razão é a procura por maiores lucros. Isso poderia beneficiar mais ainda a AENA, que atualmente é o primeiro gestor mundial de aeroportos com mais de 187 milhões de passageiros ao todo.

Prejuízo para os direitos trabalhistas e o meio ambiente

Já as críticas à privatização da empresa gerenciadora colocam os trabalhadores e o meio ambiente como as principais vítimas da manobra econômica. O fundamento é o mesmo usado pelos defensores da privatização. Ao buscar maiores lucros, as empresas privadas deixam de se preocupar com os direitos dos trabalhadores e com o respeito aos padrões ambientais.

Alguns dos oponentes à privatização da AENA, como Juan Pablo Durán, secretário geral do Partido Socialista Trabalhista Espanhol (PSOE) da cidade de Córdoba, garantem que pequenos aeroportos espanhóis serão fechados após a privatização. Durán explica que os aeroportos menos lucrativos, como o Aeroporto de Córdoba, serão descartados pelos inversores privados. O fechamento desses aeroportos é um prejuízo para os cidadãos porque terão que viajar a outras cidades para pegar um avião.

Igualmente todos os fundos investidos na construção e remodelação dos aeroportos se tornarão perdas. Além disso, muitos trabalhadores serão demitidos e as instalações aeroportuárias virarão “aeroportos fantasma”. Leia mais: Aeroportos fantasmas: Alternativas quando já não voam mais aviões

Com o processo de privatização da AENA já em curso, resta observar como o governo balanceará os prós e contras da empreitada. E, principalmente, atentar para como será investido o dinheiro proveniente da venda das ações. Caso as previsões de Durán se confirmem, também terão que estudadas as consequências de uma reconfiguração da mobilidade aérea espanhola.

Ao final, a Espanha se une à lista de países que aderiram parcial ou totalmente à privatização de seus aeroportos, como é o caso do Brasil. Dessa forma, o país pode virar exemplo para futuros debates sobre a questão em terras brasileiras.

Ana Abril com informações da Actualidad Aeroespacial, da Europa Press e do Expansión.com

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Redação Revista Embarque

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